Araquaim: 70 Anos de Tradição e História


Este ano, a Vila de Araquaim, no município de Curuçá, celebra seus 70 anos. São sete décadas de história, cultura e resistência de um povo que, com garra e união, construiu uma comunidade vibrante e cheia de vida. Desde os tempos de seus primeiros habitantes, Araquaim sempre foi um lugar de gente forte, de quem aprendeu a tirar o sustento da terra e do rio. Aqui, o tempo passa de um jeito diferente, no ritmo das marés e das estações. E é nesse compasso que nossa vila foi se moldando, sempre com o pé no presente, mas sem esquecer suas raízes.

Vila de Araquaim, elevada à categoria de vila em 8 de setembro, celebra essa data sob as bênçãos do Senhor Jesus Cristo e os oráculos de São Marçal, com a dedicação do padre Aleixo Tolosa. O nome Araquaim vem do rio que passa por essa terra, um nome que carrega em si a força e a história de seus ancestrais. Este é o berço primitivo das tradicionais famílias Lobo, Monteiro, Cabral, Garcia, Moraes, que, desde João Raymundo Cabral em 1847, têm lutado por esta terra. Ao longo de 177 anos, mais de 20 filhos ilustres de Araquaim deixaram sua marca na história política, sempre batalhando pelo crescimento e bem-estar da vila.

Um dos marcos mais importantes dessa história é a Casa Boa Fé, a primeira residência de alvenaria de Araquaim. Hoje, pertencente às famílias Gonçalves e Lobo, a casa foi reformada e um painel com sua história foi preparado para celebrar os 70 anos da vila. Originalmente, a casa foi propriedade do senhor Manoel Braulino Alves e de sua esposa, dona Clara Alves de Moraes. Ali, funcionava um próspero comércio de secos e molhados, onde colonos e pescadores de todas as regiões circunvizinhas vinham fazer compras e negociar os frutos da lavoura e da pesca.

A importância da Casa Boa Fé não para por aí. Em 1950, o General Magalhães Barata, então interventor do Pará, visitou a residência em uma de suas passagens pela vila. Após o falecimento do senhor Manoel Braulino Alves, em 1955, na Santa Casa de Misericórdia em Belém, o comércio ficou sob a responsabilidade de dona Clara Alves e seu cunhado, José Rodrigues de Moraes, conhecido por Cazuza, o caixeiro da época. A biografia completa e a história dessa residência foram escritas por Samuel Sasha e estão nos arquivos da Bienal de Arte e Cultura de Araquaim.

Hoje, ao completar 70 anos, Araquaim é símbolo de resistência e de tradição. A cada esquina, cada casa, cada sorriso, encontramos um pedaço dessa história. As festas de Nossa Senhora de Nazaré e São Benedito continuam sendo momentos de união e alegria, onde toda a comunidade se encontra para renovar a fé e as amizades.

Mas, assim como cresceu, Araquaim também enfrenta desafios sociais e estruturais cada vez maiores. Somos hoje a quarta maior comunidade do município de Curuçá, um lugar que, apesar das dificuldades, continua a lutar e a crescer com o mesmo espírito resiliente que sempre caracterizou seu povo. Meu Araquaim querido, que possamos continuar honrando a memória de quem veio antes de nós e seguir construindo uma vila cada vez mais próspera e acolhedora.

Araquaim, 70 anos de história que nos enche de orgulho!


Lia Corpes

Sou Editora Chefe do Portal de notícias Correio Paraense, produtora do Rede Pará Podcats, membro da AIA - Associação de Imprensa de Ananindeua